encontro aberto . domingo dia 26.08.12 . 10hs
Fraternidade Ramatis
41.9601.3297
NATUREZA NATURAL
Agradeço a
oportunidade de estar aqui e poder falar um pouco com vocês a respeito de temas
que para nós são importantes e que podem de alguma forma contribuir para que
nós possamos viver de forma mais leve e mais feliz...
Hoje eu quero
falar com vocês a respeito de experiências que eu tive com relação ao
ensinamento, uns ‘insights do óbvio’ que andei tendo e que para mim, apesar de
serem tão óbvios foram libertadores daquilo que estava me afligindo naquele
momento. É isso que eu quero compartilhar com vocês.
Na última
palestra nós falamos sobre ‘estar no rumo da paz e da harmonia’, quer dizer, se
a pessoa ainda não está vivendo nesse lugar de paz e harmonia, como ela poderia
fazer para chegar lá. Vou relembrar alguns pontos para podermos alinhavar a
continuidade do que eu quero falar...
Falamos entre
outras coisas que, na verdade, só é possível viver na paz e harmonia, se a
pessoa conseguir sair do ciclo do prazer e da dor.
É o ciclo a
que nós estamos submetidos como seres humanizados. Justamente por acreditarmos
no nosso ego, por acreditarmos nas verdades e realidades criadas pelo nosso
ego, nós entramos neste ciclo do prazer e da dor. Quando a vida vai de acordo
com o que nós queremos, nós nos sentimos felizes; e quando vai contra a gente
sofre...
Então, é sair
deste ciclo e se libertar daquilo que mantém a pessoa presa na materialidade _
o querer ganhar, o buscar o prazer,
o querer o reconhecimento, o precisar do elogio _ deixar de viver preso nessa
dinâmica do egoísmo ( apesar de reconhecer o egoísmo como sendo o traço
característico da nossa fisicalidade, da nossa humanidade).
Ai a gente
falou que se a pessoa fosse se libertando das amarras destas situações, ela
poderia passar a viver estas mesmas situações mas em equanimidade, quer dizer,
de uma forma equânime, sem estar sofrendo nas pontas do prazer e da dor...quer
dizer sofrendo sem sofrer... e ai ela poderia conhecer a verdadeira felicidade,
que é viver o que seja em paz, em harmonia.
Bom, a partir
do dia em que eu fiz esta palestra e estas colocações, parecendo até um
desafio, ou talvez até porque eu tenha colocado mais consciência sobre o tema,
eu comecei a viver uma fase de grandes desafios justamente em relação a estes
tópicos. Parece que começou a existir em mim um prazer em viver enroscada no
ciclo do prazer e da dor.
Algo em mim
parece que dizia ‘sim, eu sou egoísta, eu sou humana...e é isso que eu tenho
prá viver...não é possível viver sem querer ganhar, sem querer que as coisas sejam
do jeito que a gente quer....que a gente considera certo’...
Por mais que
eu tivesse consciência de que não fosse isso, de que a vida apresenta o que ela
tem que apresentar, mais eu me sentia presa a essas sensações, assustada, com
medo que a vida apresentasse algo que eu não queria viver naquele momento...
Mesmo eu
racionalizando o ensinamento, buscando trazer prá consciência que ‘tudo é
perfeito do jeito que tem que ser’, mesmo assim meu coração estava apertado,
meu estado de espirito era de angústia, bem distante da tal equanimidade diante
das coisas...
E quanto mais
eu dava espaço prá este estado de espirito permanecer em mim, mais ele ia se
ampliando dentro de mim!
Sem que eu
percebesse, naquele momento, que meu estado de espirito diante das coisas
poderia ser alterado.
Eu me
criticava e me perguntava: ‘por que ficar falando em sair do ciclo do prazer e
da dor, em sair do egoísmo, em sair do querer ganhar, do ter razão, em sair do
querer que a vida se desenvolva do jeito que eu considero bom, se o ser humano
não pode mudar nada em si?? Me perguntava de que adianta ficar falando disso, estudando, ficar
preocupada com isso?
Parecia que
não era possível seguir este ensinamento...
Aí eu comecei
a achar esta história de equanimidade a coisa mais chata...como na história da
raposa dizendo que as uvas estavam verdes, eu também comecei a achar a
equanimidade uma coisa muito sem graça...justamente porque estava difícil para
mim, viver, ainda que minimamente, a tal equanimidade...
E assim foi
ficando até surgir o convite para fazer esta palestra...e ai me veio uma crise
de não ter o que falar...pois se eu estava vivendo sentimentos ou que seja,
sensações, de egoísmo, de questionamentos.... a respeito do que eu poderia falar??
Então eu vi
que seria exatamente sobre isso...sobre como eu estava vivendo a contrariedade,
a vicissitude, a alternância, que na verdade é a própria vida.
E ai eu
comecei a destrinchar alguns estudos... mexer meu caldeirão....prá procurar
entender melhor....prá pegar aquele ponto em que eu me encontrava em
conflito e tentar expandir a compreensão
dele à luz do ensinamento....botar luz.....trazer lucidez....pra discernir
melhor...
E eu vi que
esta é uma dinâmica muito boa...que pode auxiliar bastante a gente a chegar num
discernimento.
Então eu
vi.....
O ensinamento
propunha: assistir a vida....tudo bem...tô vendo....; ver o sofrimento....tudo
bem; ver o prazer....tudo bem; assistir o querer ganhar, o ter razão.....tudo
bem.....
Mas e o
espirito de equanimidade diante de tudo?? Este estava muito difícil...parece
até que de fato eu não queria me sentir equânime...o que eu queria mesmo é ir
prás pontas...prá gangorra do sobe e desce....
Porque no sobe
há prazer...mas parece que até no desce, no sofrimento, também há
prazer...porque a pessoa parece até que quer ficar lá....sofrendo...
Aí,
continuando a mexer o caldeirão... da vida...dos ensinamentos...me veio uma
compreensão de que só seria possível o
estado de espirito de equanimidade para uma pessoa que tivesse fé!
Fé em Deus
como causa primária de todas as coisas.
Fé em que tudo
o que a vida propõe está certo porque está dentro da ordem divina.
Fé em que tudo
são provas para a evolução do espirito...
Enfim...parecia
que era preciso ter muita fé...
E quem não
tivesse tanta fé? Não seria permitido a ele viver o estado de espirito de
equanimidade??
Ai eu comecei
a me relacionar com a fé e perguntar o que ela pedia...porque prá pessoa ter
fé, é preciso que ela atenda aquilo que a fé pede dela...
E aí eu vi.....
A fé pede
aceitação, entrega, confiança, integração (some o eu que se integra na fé),
abertura, acreditar ou seja dar crédito....tudo isso dado a algo que a gente
não sabe o que é....não se pode definir....não se pode conhecer....
E ai surgiu um
medo...
Um medo dessa
entrega incondicional a algo desconhecido.
Fui então
falar com meu medo e ele me disse que eu sentia medo porque:
eu não queria
ser impotente diante da vida....quando de fato eu não controlo nada, quando de
fato eu não tenho nenhum poder sobre a vida...
eu não queria
NÃO saber...quando de fato eu nada sei....
eu não queria
me diluir....quando de fato nem existo...
eu não queria
assim uma entrega incondicional....quando de fato está entrega já está...
eu não queria
perder um pretenso domínio...me sujeitar a algo que não sei....
eu não queria
ter uma confiança cega....
eu não queria
sair da zona de conforto do conhecido.....
na verdade, eu não queria viver
o natural que é o que é...porque eu queria viver o ideal...que é aquilo que eu
queria que fosse...
E vi também...
Que dessa situação surgia em mim:
Uma grosseria prá me defender...
Um retraimento prá me proteger...
Um estresse prá me manter...
Um fechamento prá vida...
E ai veio um grande insight prá mim....um insight do óbvio...foi
a consciência de que tudo o que eu tenho prá fazer e tudo o que eu posso fazer
é me abrir prá vida que está, me relacionar, me harmonizar com o que de fato
está aqui e agora...
Aí eu não preciso fé...não preciso nada...
Se eu me relacionar com o aqui e agora, sem interpretar, sem
julgar, sem comentar, sem analisar....só com o que está.... e conseguir me
harmonizar com isso....isso traz um estado de serenidade e concórdia... e pode
resultar no estado de espirito de equanimidade diante de tudo....
No aqui e agora não tem emoção...o aqui e agora é o que é....
sem adjetivos...nós é que qualificamos a cada instante...
O que é....O que está....É
tudo o que existe....É só o que existe a cada agora...
Então não interessa se é o melhor ou o pior prá mim...se foi Deus
causa primária quem gerou....se são provas para a evolução do espirito....
O que interessa é que aquilo que eu estou vivendo é o que é...é
o que eu tenho pra viver...se eu tenho fé ou não tenho, também não
interssa...tudo om que eu preciso ‘SÓ’
é me integrar ao que está! Me harmonizar com os pensamentos a respeito daquilo
que está...entrar em equilíbrio...aceitar o que está...do jeito que vier...
Perceber que A FORMA como
eu estou qualificando aquele aqui e agora é o que pode estar me levando ao
sofrimento...
E eu posso optar por permanecer sofrendo ou sair do
sofrimento...
Perceber que o que está gerando o meu sofrimento é o meu querer,
são os meus desejos...minhas posses: eu sei...quero que seja deste
jeito....assim é o certo....eu gosto disto desta forma, eu não gosto... eu
julgo, eu critico...
Parece assim que na hora do ato existe aquele impacto...mas ai
eu posso conscientemente procurar me
relacionar ESTRITAMENTE com o que
está e perceber que no que está não tem adjetivos...não tem qualificação...
Eu posso não acreditar no falatório do ego...
Eu posso escolher dar alimento pro sofrimento, pro egoísmo....ou
deixar ele morrer de inanição...optando por me harmonizar com meus pensamentos
sobre o que está!
Então harmonizar é entra em equilíbrio...RETOMAR O EQUILIBIRIO NATURAL!
Quando eu pensei isto, me veio outro insight...uma consciência
de que há um equilíbrio natural....uma
felicidade natural....um estado de amor natural...natural?? É! Natural...um
estado de amor que é nato....que é próprio do ser universal...e ele é
interrompido pelo estado de sofrimento que é criado pela mente, pela
qualificação do que acontece....
E então eu vi....como uma imersão num oceano...ESTA É A NOSSA NATUREZA NATURAL...UMA
NATUREZA AMOROSA...
E eu pude perceber que para o estado natural se manifestar não é
preciso fazer nada!
É só não bloquear...
É só abrir a camisa de força que nos mantém presos n o
julgamento, na critica, na expectativa...e permitirmos nos inundar com esse
campo de força amorosa que brota de dentro de nós mesmos....de todos e de cada
um....
E esta NATUREZA NATURAL
amorosa ESTÁ SEMPRE NO AQUI E AGORA!
Então ficou muito forte a idéia de se libertar do ideal prá
permitir o natural....
Compreender que o ideal não está no mundo da realidade, mas no
mundo das probabilidades....então ele não tem ação na vida, a não ser a de nos
tirar fora da vida....prá nos tirar fora da nossa natureza natural!! Então na
realidade parece que não há o que temer, porque o ideal não existe!
Lembrar que a couraça que nos isola desta nossa natureza natural
é a couraça feita por aquele ‘advogado interno’ que pretensamente diz que sabe
o que é o melhor prá nós e entra em nossa vida querendo determinar as nossas
ações, os nossos objetivos, dizendo o que é certo e o que é errado em todas as
áreas de nossa vida.... e nos isolando de nós mesmos....da nossa natureza
natural....amorosa...
Trazendo o medo da gente se jogar nesta corrente....
Mas aí, nós podemos nos lembrar que não precisamos fazer
nada....só permitir, não bloquear quando ela se apresenta em nós....porque esta
natureza se apresenta...
É só aceitar e se entregar neste fluxo
natural....vivo....espontâneo...que quando a gente se abre prá ele...ele começa
a pingar e depois a jorrar em nós...
É nós permitirmos a nossa integração....a nossa
dissolução...porque ai some o eu... ele se integra ao todo através dessa
corrente...
E essa natureza amorosa, ela nos aceita como nós somos...e
aceita a tudo como parte desse fluxo...aceita a tudo e a todos como são...
É nós acreditarmos...darmos crédito...e nos entregarmos prá
experimentar...
É nós nos permitirmos sermos naturais, como nós somos, sem
máscaras....nus....sem a roupagem da expectativa....do julgamento....da
critica....do querer....do poder....
De fato é nos abrirmos e mergulharmos dentro da nossa natureza
amorosa...
Vou oferecer para vocês uma canção que me tocou muito quando eu
ouvi...mais além da forma, do conteúdo das palavras...vibrou amorosamente em
mim... e é um convite prá quem ouve se abrir ao amor.... então quero
compartilhar com vocês oferecendo praqueles que quiserem se abrir prá esta
natureza amorosa em si....
Salve o amor e a alegria!
Procurar se aproximar de frequências que ressoem de forma
amorosa pode ajudar a gente a abrir este canal...
Experiências mostram que se colocarmos dois instrumentos
musicais com a mesma afinação, um diante do outro, quando um tocar o outro vai
vibrar na mesma frequência....pela ressonância...
Então, a gente se ligar á frequência da alegria...eu acredito
que ela pode nos alimentar e vai facilitando o retomar à nossa natureza
natural...
A alegria, a celebração.....celebrar a vida...perceber que tudo
o que nós temos é a nossa vida prá viver.... e procurar viver esta vida com
mais leveza...
Talvez cantando um pouco mais....talvez dançando um pouco
mais...
Procurando não interromper o fluxo natural da harmonia que é
nosso...que jorra dentro de nós mesmos...porque ele é natural...
E se ele é harmonia...ele flui na justa proporção....na
proporção correta em cada ser.... é um FLUXO
DE CONCÓRDIA porque harmonia é concórdia entre as partes... CONCÓRDIA É ACEITAÇÃO....É ESTAR DE
ACORDO... são as partes que formam o nosso ser em acordo...em
concórdia...em harmonia...é o nosso pensamento...nosso sentimento....nossa
ação....se alinhando no mesmo fluxo de concórdia...
E disso surge o que?
Este estado de espirito de harmonia traz a GRANDE CURA...quando as coisas entram na ‘justa proporção’ elas se
harmonizam....e dão espaço para o amor.
Na ‘justa proporção’...não é num extremo nem no outro...é na
justa proporção.
Este estado de espirito amoroso ele traz uma paciência e uma
mansidão consigo mesmo e consequentemente com tudo....na aceitação.
Quando você permite que este fluxo amoroso flua, você ama a
tudo...ama o universo, o todo...tudo é amor...porque tudo ele integra...
E ai eu vi...
QUE A LUZ É PRÁ CLAREAR...
PRÁ TRAZER LUCIDEZ...DISCERNIMENTO...
E O AMOR É PRÁ
INTEGRAR....SE DISSOLVER E VIRAR UM...
Não é só viver a vida que nós temos prá viver...mas é permitir
esse fluxo universal...
E prá isso não se precisa fazer nada...é só deixar de impedir
prá que ele surja naturalmente...porque é da nossa natureza..
Então AMAR É VIVER HARMONICAMENTE COM TODAS AS COISAS DO AQUI E
AGORA, QUAISQUER QUE ELAS SEJAM...
É soltar as ilusões do nosso ego que dizem isso e aquilo...não
acreditar nelas...porque tudo o que está sempre acontecendo por detrás, é a
nossa natureza natural amando!!!
Prá isso é preciso a gente mudar A FORMA de tratar as coisas do mundo... as pessoas, os objetos, os
acontecimentos...ao invés de viver aprisionado aos valores criados pelo ego,
conviver dentro das características amorosas que tudo possui.
E compreender que AMAR ....esse
é o elo que interliga todas as coisas....todos os seres...tudo no universo...
Esse é o estado natural do ser universalizado....do ser
integrado...
E o que nos cabe fazer?
Permitir que o fluxo natural do amor jorre naturalmente... inicialmente
abrindo uma brecha pequena...que começa a fluir.... e assim como um córrego vai
aumentando o seu fluxo ao vencer obstáculos em seu caminho....também essa
abertura prá natureza amorosa que é natural em nós....se não for bloqueada,
poderá jorrar cada vez mais natural e abundantemente...em cada um...
Tem uma imagem que interessante que sempre podemos lembrar...no
canal do panamá tem uma diferença de nível entre o oceano atlântico e o oceano
pacifico. Para um navio fazer a travessia de um para o outro, ele precisa
entrar numa eclusa e aguardar que o nível da água suba até que atinja o mesmo
nível do oceano que está do outro lado, fora da eclusa...ai a eclusa é aberta e
o navio sai, sem esforço, naturalmente, sem nem perceber.... mas foi preciso um
tempo de acúmulo da água...
Ou seja, estamos no oceano do egoísmo...entramos na eclusa e
vamos acumulando as condições que
favorecessem a nossa natureza natural...sem expectativas nem interesses...de
repente abre-se a comporta da eclusa e naturalmente a passagem é feita...fruto
de tudo o que foi acumulado em seu interior....
É só deixar que a nossa natureza natural amorosa venha nos
permeando...
E agora quero oferecer um canto para vocês...
transcrição de palestra de Annamaria Pires . final 2010
transcrição de palestra de Annamaria Pires . final 2010
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