O NOVO PADRÃO DE VIVER A VIDA

Ousar viver na materialidade com os valores da espiritualidade

quinta-feira, 2 de abril de 2009

LIDANDO COM A SOLIDÃO
Noventa e nove porcento da atividade humana é voltada para um único fim: fugir da solidão. Quase ninguém aceita a solidão como uma parte inevitável da nossa experiência no mundo. Olhamos para a solidão como um inimigo terrível e pagamos o preço que for preciso tentando dela escapar. Vendemos nossas almas e, até mesmo, nossa dignidade para nos ver livres do incômodo que ela causa.
O principal componente da solidão é o silêncio e, em um mundo tão barulhento como este que criamos, uma experiência como essa parece mesmo insuportável. Olhe para si mesmo, olhe para a sua vida. Há sempre um novo bar a conhecer, há sempre um novo livro para comprar, há sempre um novo filme em cartaz, há sempre um novo lugar a visitar. Entretanto, o mais delicioso de todos os recantos é sempre evitado: o seu próprio ser, a sua própria subjetividade, a sua própria interioridade.Você se tornou um viciado… um mendigo sempre em busca de novas experiências. Esse vício o leva a querer experimentar mais e mais, sempre. Com isso, não há espaço para o repouso e o relaxamento. Não há espaço para a meditação. Ficar absolutamente só, frente a frente apenas consigo mesmo é praticamente impossível. Quando tais momentos o alcançam você se sente entediado, triste e, assim, sai em busca de algo que preencha este vazio, algo que o distraia: um cigarro, um novo CD que você adquiriu, ir ao shopping, beber alguma coisa, assistir televisão, alugar um DVD e tudo aquilo que esta feira moderna nos oferece.Você tem medo da solidão e é a partir desse medo que você lida com o mundo e com as pessoas. A partir desse medo seus relacionamentos são criados. Você se torna dependente do outro. Observe, por exemplo, seus relacionamentos amorosos. Todos eles são construídos sob esta base: o seu medo da solidão. Todos eles são forjados pela sua dor. Curiosamente, quando terminam eles o remetem a esta mesma dor e todo o ciclo recomeça: bares, sair por aí à procura de alguém, horas e horas diante da internet… o leque de possibilidades é infinito.Existe um momento na vida do buscador espiritual em que ele precisará lidar com essa questão, a questão da solidão. Este é um momento sagrado, um instante santo. Olhar para a solidão e a maneira como você lida com ela pode ser fascinante. Poderá, se você for honesto o suficiente, lançá-lo numa investigação que transformará toda a sua vida.O silêncio contido na solidão contém um tremendo poder. O silêncio contido na solidão é um maravilhoso convite. Através dele você será levado a uma fantástica constatação: em todo o universo, uma única inteligência atua e, a despeito da forma como ela se manifesta (como um ser humano, como uma folha de relva, como uma borboleta ou uma árvore e, até mesmo, como uma galáxia ou um sistema solar), esta inteligência, esta abundante criatividade é a ÚNICA coisa que existe, a própria verdade. Você é isso!Se dermos a esta inteligência o nome “Deus” ou até mesmo “pura consciência”, veremos que apenas Deus existe e que tudo o mais é fruto da sua dança, do seu movimento. Em outras palavras, veremos que tudo o mais é uma simples aparição, organizada no espaço e no tempo, a partir desta simples Unidade.Assim, chegamos à questão central: a solidão é, acima de tudo, a base mais fundamental de sua condição primordial, Senti-la como dor ou sofrimento é perder de vista a essência da coisa. Existe apenas você – como pura consciência, vida, inteligência ou criatividade. Acreditar na ausência ou na falta do outro em sua vida é perceber a si mesmo como algo ou alguém aqui separado de tudo o mais. Entretanto, “tudo o mais” não passa de um conjunto de palavras. Você é o mundo. O universo é uma extensão sua. A separação e a dualidade, portanto, é uma mentira que você vem contando a si mesmo há muito tempo. É chegada a hora desta mentira dar lugar a uma nova percepção.Quando realizamos e constatamos essa presença que a tudo permeia em nossas próprias vidas; quando enxergamos que uma única verdade percorre o universo e que nós somos esta verdade, começamos a funcionar a partir de uma outra freqüência, um novo canal de entendimento que nos deixa completamente à vontade diante da vida, pois esta é a nossa casa, este é o nosso lar. Então, não é necessário fugir de nada, não é necessário buscar mais nada. Este silêncio que nos envolve e que é a definição mais radical e profunda do seu próprio ser começa a operar. Este silêncio o levará à constatação de algo absolutamente mágico: vivemos em um universo psicodélico e luminoso e este espetáculo nos pertence.Colocando de uma outra forma, você perceberá que a solidão oferece um espaço maravilhoso para que você encontre a si mesmo a partir do seu próprio centro e mergulhe na vida experimentando, mais e mais, o seu verdadeiro sabor, a sua verdadeira glória. Não há nada mais excitante!Quanta dor sinto ao vê-lo agindo como um miserável, abrindo mão deste imenso tesouro que você trouxe consigo quando veio a este mundo: a simplicidade e a vastidão do seu próprio ser; uma inocência e uma riqueza reveladas apenas quando aceitamos e compreendemos aquilo que realmente somos. Quanta tristeza sinto ao vê-lo abrindo mão da mesma simplicidade e a mesma inocência capazes de revelar o verdadeiro amor, o único que, de fato, poderá preenchê-lo. Encontrar-se consigo mesmo em silêncio é uma experiência fulminante. Mostrará a você que o seu melhor amigo é você mesmo e que a grandeza do amor consiste na absoluta aceitação daquilo que este momento oferece. Aquele que me compreende não conhece o tédio ou a solidão. Conhece apenas a eterna pulsação da vida, convidando-o a um orgasmo inigualável, presente em cada respiração, em cada olhar, em cada instante.
RASUL

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