O NOVO PADRÃO DE VIVER A VIDA

Ousar viver na materialidade com os valores da espiritualidade

terça-feira, 28 de abril de 2009

O ÚNICO REMÉDIO É A HARMONIA
"Como os seres humanos possuem um corpo físico, um coração, um intelecto, uma alma e um espírito, eles vivem em vários planos. Mas nesses diferentes planos, é possível que algumas condições lhes sejam benéficas e favoreçam a sua evolução, enquanto outras lhes sejam contrárias e os impeçam de evoluir. Tanto que lá, onde alguns se expandem, outros desmoronam, e vice-versa.Uma pessoa, por exemplo, tem faculdades intelectuais muito bem desenvolvidas, mas uma saúde deplorável. Por quê? Porque no Universo existem forças, correntes que não estão completamente em acordo com alguns aspectos da sua existência e combatem-na provocando distúrbios nessa pessoa. Em um plano ou em outro, os seres humanos devem sofrer esse tipo de discordância. O único remédio é a harmonia: harmonia com o sol, com as estrelas, com a terra, com toda a Natureza, para que todas as forças cósmicas contribuam para o seu crescimento."
Aivanhov

domingo, 26 de abril de 2009

A NATUREZA ESPIRITUAL E A NATUREZA HUMANA
"Não se trata do que se faz, mas de como se faz, para que se faz. O ato, a ação, não é por si só atributo de elevação ou não. O que pode ser considerado como atributo de elevação espiritual é a base da ação: a intencionalidade com que se vivencia cada acontecimento da existência."

A primeira base ou comportamento que norteia o ser humanizado é o materialismo. O espírito quando encarnado é sempre materialista por essência. Mesmo aqueles que buscam a Deus, na verdade ainda almejam o materialismo. Já o espírito norteia a sua interatividade com base no espiritualismo.
O materialismo, apesar do que muitos acham, não é querer objetos materiais (dinheiro, bens materiais), mas se aplica àquele que quer a felicidade material, o prazer, a satisfação de ver seus desejos realizados. Desejando estar aqui e conseguindo, certamente está gozando o prazer e não a felicidade incondicional.
Isto é materialismo. Mesmo que o desejo seja voltado para as coisas divinas, quando existe o contentamento de ter realizado o que era desejado o ser humanizado alcança o prazer. A realização de desejos, não importa qual seja, é prazer e leva apenas ao materialismo, à prisão à vida material.
O espiritualismo como base de vida é mais do que se voltar para as coisas divinas, mas caracteriza- se por alcançar a felicidade com as coisas divinas.
Quem alcança esta felicidade vive na equanimidade (não alteração de ânimos) e não no prazer (“que bom, consegui vir”) ou na depressão (“eu queria tanto ter ido...”).
O segundo aspecto da natureza humana é que ela age sempre guiada por regras e normas baseadas em padrões materiais. Mesmo que a busca seja pela coisa espiritual, a natureza humana segue regras e normas humanas, padrões materiais.
Alguns imaginam uma rosa, outros uma luz que desce do céu, outra corrente ainda prega que seja necessário focalizar determinado chacra. Isto é prender-se a regras e normas, padrões humanos, pois eu pergunto: e quando não houver mais corpo, mais formas, mais chacras como farão para existir no Universo?
Além do mais este padrão é ditado por alguém que experimentou individualmente e, para ele, deu certo. Mas, quantos não conseguem justamente porque querem copiar o padrão individual do outro e não sabem que é por este motivo?
No mundo espiritual não existem padrões e regras porque não existe individualismo, ou seja, cada um experimenta a sua individualidade pelo seu caminho. Apenas uma coisa existe no Universo e ela é genérica: o Amor.
Só o amor é comum a todos os espíritos e, por conseguinte o amar. Assim sendo os espíritos vivem pela consciência amorosa que possuem e não por padrões ditados por quem quer que seja, inclusive Deus.
Portanto, se você quiser pela sua natureza espiritual sair da carne, ligue-se no amor universal e não em coisas materiais, em padrões ditados exteriormente. Esta é a segunda característica que diferencia a natureza humana da espiritual: seguir padrões ditados por outros versus a conquista da consciência amorosa.
A terceira característica diferente entre as naturezas é que a humana é individualista enquanto que a espiritual é universalista. A natureza humana está sempre buscando o seu bem individual enquanto que a espiritual está sempre buscando viver para o próximo, para servir o próximo sem intencionalidade alguma.
A natureza espiritualista é completamente livre de paixões individualizadas e, portanto, sem desejos a seres satisfeitos. O único objetivo da natureza espiritualista é servir incondicionalmente ao próximo.
Já a natureza humana é apegada a paixões que geram vontades. Ela não consegue lidar com os elementos da existência carnal sem gerar uma paixão individual. Mesmo no tocante ao relacionamento com as coisas divinas, a natureza humana está sempre pensando em si primeiro.
Por exemplo, vocês vieram aqui para evoluírem, para adquirirem conhecimento para a sua evolução ou para servirem ao próximo? Claro que foi para si, para ganhar. É este egoísmo de querer para si, mesmo que seja a elevação espiritual que caracteriza a natureza humana.
Aquele que vivesse na essência espiritual viria aqui sem planejar, sem desejar, mas porque Deus o trouxe. Estaria aqui participando desta conversa com a consciência amorosa, ou seja, emanando amor e não prestando atenção nas regras e normas para sua evolução. Enquanto aqui permanecesse não esperaria receber nada, mas estaria sempre voltado a expandir o amor para servir ao próximo.
O que a característica humana deseja é contrário ao que a característica espiritual quer. Esta constatação precisa ficar bem clara para aqueles que pretendem realizar a elevação espiritual, pois não adianta se buscar a vida espiritual na natureza humana, ou seja, com prazer, com regras e normas e com individualismo. É preciso buscá-la com a natureza espiritual: com o espiritualismo, que se traduz pela felicidade incondicional, que é fruto da consciência amorosa da ação, e pelo universalismo, se doar ao próximo.
Resumindo para deixar bem clara esta questão da busca da elevação espiritual: não se trata do que se faz, mas de como se faz, para que se faz. O ato, a ação, não é por si só atributo de elevação ou não. O que pode ser considerado como atributo de elevação espiritual é a base da ação: a intencionalidade com que se vivencia cada acontecimento da existência.
Por isso, não importa se você passa o dia inteiro “rezando ajoelhado no milho” ou se freqüenta regularmente um local de ligação com Deus; se não tiver como fundamentos da sua existência o espiritualismo, a consciência amorosa e o universalismo nada foi realizado.
www.meeu.com.br

domingo, 5 de abril de 2009

ACORDES EM HARMONIA
Quando um acorde musical é tocado, uma certa harmonia é produzida por aquela combinação de notas. Mas um acorde no qual haja apenas uma nota incorreta produz discordância, dissonância. Isso tem um efeito muito definido.
A mesma coisa acontece aos homens. Se um aspecto está fora de harmonia com o restante, não funcionamos com suavidade; nossas ações vêm de campos de consciência que não estão integrados. Isso pode resultar em doença. Se os acordes de muitos indivíduos não estiverem em harmonia, grupos de seres humanos podem se tornar mutuamente destrutivos, como testemunhamos hoje em dia.
Em comparação, consideremos a natureza. A natureza é como uma orquestra que reúne incontáveis notas. Desde o tempo de Pitágoras, essa sinfonia cósmica é conhecida como a Música das Esferas. De acordo com esse conceito, cada diminuto átomo está afinado a uma nota musical e está constantemente em movimento com velocidades incríveis, cada velocidade possuindo sua própria qualidade ou nota numérica. Se tivermos ouvidos para ouvir, poderíamos realmente perceber uma árvore crescer ou uma flor desabrochar. Da mesma forma, poderíamos ouvir os gritos de outros seres humanos e de outras formas de vida no planeta, e estaríamos melhor equipados para aliviá-los.
Nós, seres humanos, parecemos estar sempre buscando algo, numa tentativa de redescobrir um aspecto perdido da natureza – o acorde da harmonia com o universo. Harmonia não é um conceito visionário de contos de fadas. É muito relevante na vida diária. Ademais, a harmonia não está limitada ao individual, à família e à comunidade humana.
Antes, implica um estado de profunda ressonância interna com toda a vida no mundo terrestre, e, no final das contas, com toda a vida que reside nos domínios ainda mais inferiores. A busca por esse acorde perdido nos tem levado em miríades de direções. Estamos buscando preencher os vazios existentes em nossas estruturas, para nos tornarmos integrais.
Linda Oliveira
A HARMONIA INTERNA .
..”Como já mencionamos, existem leis que governam o mundo interno, diferentes daquelas que regulam o mundo externo.
... Exemplos: para modificar o mundo externo, temos que usar energia e força de vontade. Se tentarmos usar essa mesma força de vontade para forçar uma mudança interna, o resultado será um conflito interno, desarmonia e tensão.
Para instalar ordem no mundo externo são necessários: pensamento, raciocínio, comparação e planejamento. Se usarmos os mesmos métodos no mundo interno, o resultado será contradição, medo e desapontamento.
Poucos pensariam em aplicar amor quando estivessem construindo uma máquina ou cavando uma vala. Os sábios nos dizem que o amor, no mundo interno, opera milagres, e sua influência pode mesmo alcançar longínquas galáxias.
O mundo externo é governado por leis de tempo e espaço, porque todas as coisas são compostas e interagem entre si, dentro do tempo e do espaço. No mundo interno não existe tempo nem espaço. Apenas uma única e indivisível totalidade, onde os eventos acontecem espontaneamente, de momento em momento, sem uma interação linear.
O elemento básico dessas vistas internas se encontra no enunciado da Unidade, da realidade interna. Essa unidade manifesta-se na experiência mística como um fato real. Mas pode-se facilmente incorporá-la à vida diária e comprovar seu valor. Alguns podem pensar que essas idéias contêm somente proposições infundadas, mas para mim, a visão interna da unidade é absolutamente consoante com o raciocínio humano, conquanto a Unidade mesma esteja fora e além de qualquer razão.
... A harmonização interna vê e compreende a natureza da dualidade externa e a unidade interna sem misturá-las. Apenas imaginar como a consciência funciona já resultará na correção dos erros internos, porque, então, o conflito interno acabará por si mesmo. Quando compreendemos que a consciência que quer modificar o que somos, é a mesma consciência que se deve modificar, sabemos que há algo errado com a atitude de mudar. A harmonização interior, naturalmente, serve para que alguém saiba como realmente é e, ao mesmo tempo, como é o mundo, mas antes temos que nos livrar das ilusões mentais, isto é, confrontar, sinceramente, como somos e como é o mundo.
...Tudo é exatamente como deveria ser.
... Tal vislumbre interno ou harmonia que, por vezes chamamos de visão interior (insight), é o amor incondicional que nunca julga nem toma partido.
... Tudo é impregnado de significado ou propósito e, no mais íntimo centro do Universo, este significado é um e o mesmo para todas as coisas e para todos os incidentes. A meta de todo empenho espiritual é aproximar-se da Verdade Una, inata neste Universo maravilhoso, discernir o significado único que se manifesta em cada parte sua e seguir o progresso da criação com o Criador.
... Os problemas são, essencialmente, apenas desacordos mentais internos. Eles são o resultado dos nossos desejos de que as coisas sejam diferentes do que, em verdade, são. Todos os problemas podem ser resolvidos pela modificação da nossa atitude em relação a eles, aceitando as coisas como elas são.
... Reconciliar-se com a vida é compreende-la e compreender a vida é estar contente com ela. Amor e compreensão, sempre andam de mãos dadas porque, em verdade, eles são a mesma coisa.
... A maioria dos problemas tem sua origem nos relacionamentos humanos. Por esta razão é muito útil que se examine a fundo os complicados processos das relações humanas. Da mesma forma que a determinação ou a força não tem a mínima utilidade nos reinos internos da consciência, nos relacionamentos humanos elas atuam com toda a propriedade. Aqui os problemas são um pouco mais complicados, tendo em vista que precisamos discernir entre a harmonia interna e a rendição ou o perdão externos. Reagir à vontade dos outros não é uma demonstração de boa vontade mas de estupidez. A única marca dos feitos de alguém é a sua própria compreensão do amor, porque este estado o faz abster-se de julgar as ações alheias; isto acontece apenas quando existem compreensão e compaixão profundas e internas.
... Libertar-se do ego é a única forma de vivenciar a real liberdade. Não existe liberdade externa, no sentido comum da palavra, mas liberdade interna, que significa ser totalmente independente das condições internas e externas e que resultará na liberdade externa. Toda dependência, tanto interna quanto externa é devida a condicionamentos internos. Você tem direito a bem poucas escolhas na arena da vida diária, mas você sempre poderá escolher como vai viver os incidentes da vida de momento em momento. Todas as reações que se originam no passado são limitadas e dependentes, mas se você enfrenta todos os eventos com atenção plena e boa vontade, algo novo e criativo acontece e isto corrige todas as ações.
A libertação do Karma não ocorre pela substituição do mau pelo bom Karma, mas pela queima de todo Karma no fogo da compreensão e do amor. A isto podemos chamar harmonia interna."
Einar Adalsteinsson . (Sociedade Teosófica)
O QUE EU QUERO?  ”O que é que eu realmente quero?” A ênfase, no entanto, não deve estar no “eu quero”. A pergunta deveria auxiliar-nos a descobrir o que é que a natureza mais íntima busca.
De um estado de absoluta quietude – que surge quando o pensamento e a palavra são ambos postos de lado – que resposta o coração dá à pergunta?
A pergunta crucial é: em meio a toda minha atividade, onde estou centrado? qual é minha condição interior enquanto atuo, falo, penso?
Somente aqueles que estão afinados saberão infalivelmente qual a coisa certa a fazer.
É igualmente fácil tomar por engano um sentimento de emocionalismo como sendo a resposta do coração. Mas isto não é o que se pretende dizer por “coração”. Por “coração” devemos entender Buddhi ou a percepção superior.
A fim de encontrar o centro interior, de chegar um pouco mais perto da Realidade, é necessário afastar-se das preocupações diárias.
Se olhamos a vida com este “senso de distância”, podemos ver muito mais do quadro total. Quando um quadro nos dá um senso de beleza, é porque ele é o quadro inteiro; um canto limitado do quadro não pode dar-nos o significado total.
Somente quando o coração vê e sabe-se estar em relação com tudo o que existe é que ele se torna capaz de agir retamente.
Nós tentamos compreender o homem e o universo através de nossos estudos, investigação e através da discussão com mente aberta, não nos agarrando com muita certeza ao nosso conhecimento, sempre compreendendo nossas limitações.
Deve-se ter constantemente em mente que nossos conceitos podem estar errados e que, de qualquer forma, todos os conceitos são enormemente limitados e o que nós compreendemos ao nível do pensamento não é a realização da verdade, pois o pensamento e o conceito podem estar completamente divorciados da vida e dos relacionamentos.
Somente aqueles que estão afinados com seu coração saberão infalivelmente qual a coisa certa a fazer.
Radha Burnier (The Theosophist)

quinta-feira, 2 de abril de 2009

LIDANDO COM A SOLIDÃO
Noventa e nove porcento da atividade humana é voltada para um único fim: fugir da solidão. Quase ninguém aceita a solidão como uma parte inevitável da nossa experiência no mundo. Olhamos para a solidão como um inimigo terrível e pagamos o preço que for preciso tentando dela escapar. Vendemos nossas almas e, até mesmo, nossa dignidade para nos ver livres do incômodo que ela causa.
O principal componente da solidão é o silêncio e, em um mundo tão barulhento como este que criamos, uma experiência como essa parece mesmo insuportável. Olhe para si mesmo, olhe para a sua vida. Há sempre um novo bar a conhecer, há sempre um novo livro para comprar, há sempre um novo filme em cartaz, há sempre um novo lugar a visitar. Entretanto, o mais delicioso de todos os recantos é sempre evitado: o seu próprio ser, a sua própria subjetividade, a sua própria interioridade.Você se tornou um viciado… um mendigo sempre em busca de novas experiências. Esse vício o leva a querer experimentar mais e mais, sempre. Com isso, não há espaço para o repouso e o relaxamento. Não há espaço para a meditação. Ficar absolutamente só, frente a frente apenas consigo mesmo é praticamente impossível. Quando tais momentos o alcançam você se sente entediado, triste e, assim, sai em busca de algo que preencha este vazio, algo que o distraia: um cigarro, um novo CD que você adquiriu, ir ao shopping, beber alguma coisa, assistir televisão, alugar um DVD e tudo aquilo que esta feira moderna nos oferece.Você tem medo da solidão e é a partir desse medo que você lida com o mundo e com as pessoas. A partir desse medo seus relacionamentos são criados. Você se torna dependente do outro. Observe, por exemplo, seus relacionamentos amorosos. Todos eles são construídos sob esta base: o seu medo da solidão. Todos eles são forjados pela sua dor. Curiosamente, quando terminam eles o remetem a esta mesma dor e todo o ciclo recomeça: bares, sair por aí à procura de alguém, horas e horas diante da internet… o leque de possibilidades é infinito.Existe um momento na vida do buscador espiritual em que ele precisará lidar com essa questão, a questão da solidão. Este é um momento sagrado, um instante santo. Olhar para a solidão e a maneira como você lida com ela pode ser fascinante. Poderá, se você for honesto o suficiente, lançá-lo numa investigação que transformará toda a sua vida.O silêncio contido na solidão contém um tremendo poder. O silêncio contido na solidão é um maravilhoso convite. Através dele você será levado a uma fantástica constatação: em todo o universo, uma única inteligência atua e, a despeito da forma como ela se manifesta (como um ser humano, como uma folha de relva, como uma borboleta ou uma árvore e, até mesmo, como uma galáxia ou um sistema solar), esta inteligência, esta abundante criatividade é a ÚNICA coisa que existe, a própria verdade. Você é isso!Se dermos a esta inteligência o nome “Deus” ou até mesmo “pura consciência”, veremos que apenas Deus existe e que tudo o mais é fruto da sua dança, do seu movimento. Em outras palavras, veremos que tudo o mais é uma simples aparição, organizada no espaço e no tempo, a partir desta simples Unidade.Assim, chegamos à questão central: a solidão é, acima de tudo, a base mais fundamental de sua condição primordial, Senti-la como dor ou sofrimento é perder de vista a essência da coisa. Existe apenas você – como pura consciência, vida, inteligência ou criatividade. Acreditar na ausência ou na falta do outro em sua vida é perceber a si mesmo como algo ou alguém aqui separado de tudo o mais. Entretanto, “tudo o mais” não passa de um conjunto de palavras. Você é o mundo. O universo é uma extensão sua. A separação e a dualidade, portanto, é uma mentira que você vem contando a si mesmo há muito tempo. É chegada a hora desta mentira dar lugar a uma nova percepção.Quando realizamos e constatamos essa presença que a tudo permeia em nossas próprias vidas; quando enxergamos que uma única verdade percorre o universo e que nós somos esta verdade, começamos a funcionar a partir de uma outra freqüência, um novo canal de entendimento que nos deixa completamente à vontade diante da vida, pois esta é a nossa casa, este é o nosso lar. Então, não é necessário fugir de nada, não é necessário buscar mais nada. Este silêncio que nos envolve e que é a definição mais radical e profunda do seu próprio ser começa a operar. Este silêncio o levará à constatação de algo absolutamente mágico: vivemos em um universo psicodélico e luminoso e este espetáculo nos pertence.Colocando de uma outra forma, você perceberá que a solidão oferece um espaço maravilhoso para que você encontre a si mesmo a partir do seu próprio centro e mergulhe na vida experimentando, mais e mais, o seu verdadeiro sabor, a sua verdadeira glória. Não há nada mais excitante!Quanta dor sinto ao vê-lo agindo como um miserável, abrindo mão deste imenso tesouro que você trouxe consigo quando veio a este mundo: a simplicidade e a vastidão do seu próprio ser; uma inocência e uma riqueza reveladas apenas quando aceitamos e compreendemos aquilo que realmente somos. Quanta tristeza sinto ao vê-lo abrindo mão da mesma simplicidade e a mesma inocência capazes de revelar o verdadeiro amor, o único que, de fato, poderá preenchê-lo. Encontrar-se consigo mesmo em silêncio é uma experiência fulminante. Mostrará a você que o seu melhor amigo é você mesmo e que a grandeza do amor consiste na absoluta aceitação daquilo que este momento oferece. Aquele que me compreende não conhece o tédio ou a solidão. Conhece apenas a eterna pulsação da vida, convidando-o a um orgasmo inigualável, presente em cada respiração, em cada olhar, em cada instante.
RASUL
ILUMINAÇÃO ENLATADA
Você acredita em contos de fadas? Sim, porque a iluminação, da forma como você a enxerga ou imagina, não passa de um conto de fadas. Você criou seus próprios modelos e pretende, um dia, quem sabe, fixar este modelo em sua personalidade. Então, poderá dizer a si mesmo: “Atingi o supremo. Tornei-me iluminado.”
Você, talvez, seja um devoto de Ramakrishna. Então, você olha para a vida de um homem com esse e estabelece os padrões a serem seguidos. Você, supostamente, diante de uma imagem de Kali, entrará em êxtase e começará a chorar feito criança e entoar canções à Deusa. Se você é um discípulo de Ramana Maharshi, o silêncio, encoberto apenas por uma tanga, é o modelo a ser imitado. Quanto ao grande número de seguidores que Osho atraiu, o modelo é: celebre, a vida é uma festa, um orgasmo e, se você quiser, um orgasmo múltiplo. Deixe sua barba crescer e use robes exóticos. Se Gurdjieff o inspirou é preciso praticar os exercícios e as danças que ele criou. É preciso ler, pelo menos três vezes os “Relatos de Belzebu.” Por fim, se Jesus é o seu mestre é preciso imita-lo nos mínimos detalhes. É preciso conhecer a “Imitação de Cristo”, oferecer tudo o que tem aos pobres e jamais atirar a primeira pedra.
Nada disso, o conduzirá ao eterno. A simples imitação de gestos e palavras oriundas de homens tão fascinantes não o conduzirá a Deus. O motivo é muito simples: você já está diante de Deus ou, se preferir, você é um Deus encarnado, esquecido da sua origem.
A iluminação é simplesmente um outro nome para aquilo que somos e se você ainda não realizou ou constatou a obviedade dessa afirmação, isso se deve ao fato de que você projetou sobre ela um conjunto de percepções inteiramente equivocadas. A primeira e mais poderosa dessas percepções, aquela profundamente enraizada na árvore genealógica de sua própria ilusão, é o fato de que você acredita que ainda não é iluminada, ainda não percebeu a presença do que, vulgarmente, é chamado de “eu superior”.
Recentemente, dado o caráter bastante intelectualizado desta nova geração de mestres e discípulos, a última moda a respeito da iluminação é aquela baseada nos assim-chamados ensinamentos não-duais, do Vedanta Advaíta, Dzogchen e o próprio Zen.
É curioso notar: a imitação dos modelos associados à descoberta da verdade, sofreu uma mutação. A última moda chama-se “satsang” ou “comunhão com a verdade”. Gente do mundo inteiro apregoa o novo evangelho, a mais recente fórmula para a descoberta do óbvio: “Este é o chamado para o seu despertar. Aquieta-te e saiba. Não há nada a alcançar. Não há nada a compreender. Repouse nisso e tudo virá até você!”
“Mestres” (observe bem as aspas) do mundo inteiro lançam-se no mercado de negócios espirituais a cada ano, assegurando que você não só pode como, também, DEVE acordar agora. Com isso, apenas isso, seu pretenso ensinamento não-dual desaba diante da perspectiva de que ainda existe alguém que necessita despertar. O ensinamento ou a constatação de que tudo é a própria iluminação se transforma em um produto que alguém poderá comprar. A nova moda é vender encontros que proporcionem ao buscador o fim da busca.
Assim, diante da falta de modelos a imitar se torna, “quase sem querer”, no próprio modelo, recém-elaborado na fábrica da divina brincadeira. Tais mercadores do espírito precisam sobreviver, assim como eu ou você. Até mesmo Buda, Jesus ou Mahavira precisam comer. Eles não precisavam, porém, afirmarem-se como mestres. Sua própria presença indicava isso.
Não é possível transmitir a iluminação! Mesmo olhando nos olhos de Jesus ou Krishnamurti você poderá recuar ou, até mais do que isso, nada compreender. Tal fato indica a necessidade, inevitável, de que você ache o seu próprio caminho. O abismo à sua frente é o SEU abismo e se existem pontos em comum aqui e ali a respeito da maneira como um determinado mestre atua, isso não passa de uma mera coincidência.
Meera e Chaytania Mahaprabhu dançavam para o Amado (Krishna). Rumi girava e rodopiava por horas a fio, criando um enorme campo de energia à sua volta. Buda amava sentar. Al Ghazzali e Ibn Arabi escreveram milhares de páginas, inúmeros textos. Meher Baba permaneceu por mais de trinta anos em absoluto silêncio. Mansur gritava diante da multidão: “Eu sou a Verdade!” Sócrates utilizava o diálogo como forma de expressão. Cada um, à sua maneira, encontrou sua própria maneira de celebrar a vida. Todos eram inspirados pela vida.
Não há a necessidade de modelos. VOCÊ é o modelo que a existência elegeu e seu único papel e representar o seu mito, ser você mesmo, sem ressalvas. Não há a necessidade de imitar ninguém. Respeite a si mesmo e pronto. No Zen, os patriarcas dizem: “Ao encontrares o Buda em tua frente, mate-o.” Eles o incitam a viver sua vida sem qualquer referência, sem qualquer imagem construída ou imaginada.
A sua iluminação está fadada a ser a SUA iluminação. A forma como a verdade se expressa em sua vida é a SUA forma de expressão. Somente você possui as qualidades que emana. Somente sobre você o sol se posiciona e cria uma nova sombra. Talvez você se torne um lenhador. Talvez você se torne um mendigo ou um homem de negócios. Talvez você se torne um mestre espiritual. Por que não? Esta, também, é uma possibilidade. Talvez a sua expressão se torne mais leve ou mais grave. Quem sabe?
Não há nenhuma qualidade especial a ser adquirida. Não há a necessidade de manifestar nenhum poder em especial. Você é especial. Você é único. Saboreie esta dádiva. O enigma do iluminado é que ele raramente se parece com aquilo que você chama ou reconhece como um “iluminado'.
RASUL
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